Quando tinha 23 anos, estudava Educação Física e nem pensava em se tornar padre, Marcelo Rossi foi tema de uma profecia: “Ele será um futuro sacerdote”. Era Laura Mendes da Silva, a tia Laura, uma das figuras mais importantes da Renovação Carismática Católica no Brasil, que atraía milhares de pessoas à sua casa, em Lorena, São Paulo, em busca de orações. Ela era próxima à família do padre e, sempre que o visitava, dizia: “Deus tem um plano para você”. A história de vida do sacerdote é contada pela jornalista Heloísa Marra em Padre Marcelo Rossi – Uma vida dedicada a Deus, biografia que a editora BestSeller lança em outubro.
Carismático e comunicativo, Marcelo Rossi levou para as missas a música e a renovação da fé baseada na alegria do louvor. Sua relação com os fiéis é muito próxima: usou a televisão, o rádio e, mais recentemente, as redes sociais para atrair milhares deles às suas missas. O livro fala ainda de sua infância, da adolescência, da faculdade de Educação Física e do retorno à religião após a morte de um primo. A jornalista conta também sobre o período em que o padre passou por uma depressão e deu a volta por cima escrevendo livros. Veja a entrevista com a autora abaixo:
Você é uma jornalista ligada à cobertura de moda. De onde surgiu a ideia de escrever um livro sobre o Padre Marcelo Rossi?
A ideia de escrever o livro surgiu do radio altar que minha mãe, dona Gilda Marra, tem dentro de casa onde gosta de ouvir o programa do Padre Marcelo. Entre Santa Terezinha, Nossa Senhora de Fátima, Sagrado Coração de Jesus e outros santos, há um rádio, sempre sintonizado na Globo. Hoje aposentada, minha mãe foi professora, autora de vários livros didáticos, uma mulher inteligente, uma educadora no sentido completo da palavra. Fiquei intrigada com tanta devoção e descobri no Padre Marcelo um dos maiores fenômenos de comunicação da Igreja Católica.
O Padre Marcelo já teve seu período de grande exposição, mas vive um período agora bem mais recluso. Você chegou a tentar entrevistá-lo? Foi difícil encontrar e convencer os amigos, professores e pessoas próximas ao padre a contar histórias sobre o passado dele para o livro?
Cheguei a entrar em contato com a assessoria mas não tive sucesso. Padre Marcelo preserva bastante a própria imagem, que no início do seu sacerdócio sofreu muito com a exposição. Normalmente só fala quando tem algo muito objetivo a declarar como em casos de lançamento de livro.
Foi difícil mas interessante. Gostei muito de ir às missas rezadas pelo Padre Marcelo, principalmente a de quinta-feira às 19:45, que acontece com as luzes do Santuário apagadas e velas acesas. É bonito ver as pessoas reunidas ali e sentir que o caos urbano de São Paulo ficou um pouco mais distante.
Em São Paulo meu trabalho começava cedo em determinada direção e de repente, em função de novas informações, tomava outros rumos. Por exemplo, cheguei a USP, Universidade de São Paulo, para pesquisar sobre o período em que Padre Marcelo cursou Educação Física e graças à atenção e boa vontade de um professor veterano de lá descobri que ele se formara em Educação Física pela Fefisa, Faculdades Integradas de Santo André.
Conte um pouco sobre o processo de produção do livro. Você viajou para fazer as entrevistas? Quanto tempo demorou para fazer?
Fui a Santo André visitar a Fefisa e lá passei o dia conhecendo alguns professores e colegas do Padre Marcelo, que lembraram de sua participação na Universidade. Com eles, descobri o Marcelão, um cara tímido mas muito querido da turma, apaixonado por fisiculturismo.
Demorei um ano para fazer o livro, entrevistando pessoas em São Paulo e no Rio de Janeiro. O livro tem depoimentos muito interessantes de pessoas como o Tite, técnico do Corinthians, amigo do Padre Marcelo, ou como o de Delizete Ranieri, filha da Tia Laura, que previu o sacerdócio do Padre Marcelo Rossi.
Você é católica ou tem alguma relação com o catolicismo?
Tenho formação católica e estudei em colégio católico. Durante muito tempo quando estava no colégio participei de grupos de estudos de religião. No início do jornalismo cobri a visita do papa João Paulo II para a revista Manchete e tive oportunidade de conhecer Dom Helder Câmara e vários bispos que defendiam a Teologia da Libertação. A religião como fenômeno de comunicação sempre me interessou. Quando estava na Manchete, escrevi uma série, que foi publicada em pequenos fascículos sobre o Padre Cícero.
Márcio Rodrigues
Não se pode classificar o livro como uma biografia, e sim como uma colagem de textos. Além disso há vários erros gritantes, cito como exemplos a menção a dupla João Mineiro e Marciano como compositores da música Romaria (Sou caipira, pirapora…) na pagina 103, quando a mesma é de autoria de Renato Teixeira. A menção feita na página 127, ao relatar que no caminho do Santuário Mãe de Deus, “se vê todos os tipos de igreja: das evangélicas a Universal”, demonstra a falta de conhecimento da autora, pois a Igreja Universal é uma igreja evangélica, não cabendo a diferenciação mencionada. Ademais, há passagem onde cita que o “palmeiras estava jogando sem 13 titulares”, causa risos, pois se um time de futebol é composto por 11 jogadores, é impossível jogar sem 13 titulares! Bem, o personagem é excelente, que poderia ser bem melhor explorado, e o texto ter mais qualidade. O livro carece de aprofundamento, pois a sensação que tive foi que ele foi feito através de pesquisas, não com os personagens, mas sim através de sites de buscas da internet.